terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A AUDIÊNCIA DE "CAMINHO DAS ÍNDIAS"

A novela das oito da Globo está indo mal das pernas. Dados do blog de Patricia Kogut dizem que ela começou dando 39 pontos. Caiu para 38, depois para 37 e depois subiu de novo para 38. Em seguida, despencou para 33 pontos na última sexta e no sábado, dia em que a audiência em geral desaba, bateu 31 pontos. Mesmo para um sábado, é pouca a audiência para o maior produto da emissora, a ponto de um querido amigo dizer que logo, logo, a Globo terá que mudar o nome da novela para "Caminho do Brejo".

No entanto, é cedo para cantar a "derrota" da Globo. Creio que a novela vai se levantar. Estamos, no jargão dos autores, na fase da "implantação dos personagens". E este, creio, é um problema: a novela tem personagens demais. É certo que o autor, com isso, cria um lastro para narrar 200 capítulos, mas são muitas histórias e, quando é assim, corre-se o risco da história ter muitas tramas e não se contar direito nenhuma delas. A isso podemos somar o fato de que alguns personagens entraram cedo demais na trama.

Não sei os números do capítulo de ontem, mas adianto aqui um problema que aconteceu nos dois últimos capítulos de "Caminho das Índias". No sábado, a última cena foi o personagem Zeca, de Duda Nagle, agredindo a professora em sala de aula. Ontem, o capítulo se encerrava com o personagem de Ricardo Tozzi acenando para pessoas nas ruas da Índia depois de seu casamento. Assim mesmo, com essa "emoção". Na boa, duas cenas que não me fazem ter a menor vontade de assistir ao próximo capítulo. Além do mais, Daniel Filho no seu livro "O circo eletrônico" já dizia que o ideal é sempre, sempre, acabar um capítulo com o par principal ou o protagonista, que é o personagem que toca a história pra frente. Não foi isso que aconteceu. Sei: podemos estar diante de uma nova quebra de paradigmas nas telenovelas, mas fio-me na experiência de Daniel. Não foi à toa que ele se tornou uma espécie de "pai" de todas as novelas da Globo - e que todas as emissoras copiam. Um capítulo encerrado com o casal protagonista sempre será melhor do que um acabado por que se atingiu a página 40.

Leio também na coluna Canal Um, na Tribuna da Imprensa esta nota:

A Globo deve apostar na nossa santa ignorância. Não fosse assim, como definir as chamadas de "Caminho das Índias"?

Tudo tão explicadinho, tão mastigadinho, tão tatibitate, certamente imaginando que ninguém sabe por que o casal principal não pode ficar junto. Segue o jogo, porque este já é um assunto superado.

As chamadas indicam que parte do público parece não estar entendendo a história - que não é nem um pouco enrolada. Mas sempre se corre esse risco ao retratar-se uma cultura diferente daquela a que estamos acostumados. Sobretudo a indiana, cheia de regrinhas.

ATUALIZAÇÃO: O capítulo de segunda, 26/1, deu preocupantes 31 pontos. Pelo jeito, não fui só eu quem não teve vontade de acompanhar a novela depois da última cena de sábado...

Um comentário:

Anônimo disse...

Acredito que o problema das telenovelas nos dias atuais, ocorre porque só temos nas tramas pessoas bonitas, e classe média que vive muito bem. Faltam pessoas do povo como acontecia em Roque Santeiro, Tieta, personagens mais simples onde o próprio povo pode se enxergar. A casa do personagem mais pobre é fantástica, tudo é perfeito demais. Falta gente cafona, gente do povo, gente que fala errado, gente feia, acho que tudo isso faz as pessoas também se verem nas novelas, coisa que não temos há muito tempo. Segue a sugestão para autores e para globo.